"Falta muito? Não, basta atravessar aquele rio lá longe, no fundo, ultrapassar aquelas verdes colinas. Ou já não se chegou, por acaso? Não são talvez estas árvores, estes prados, esta casa branca o que procurávamos? Por alguns instantes tem-se a impressão que sim, e quer-se parar ali. Depois ouve-se dizer que o melhor está mais adiante, e retoma-se despreocupadamente a estrada. Assim, continua-se o caminho numa espera confiante, e os dias são longos e tranqüilos, o sol brilha alto no céu e parece não ter mais vontade de desaparecer no poente.
Mas a uma certa altura, quase instintivamente, vira-se para trás e vê-se que uma porta foi trancada às nossas costas, fechando o caminho de volta. Então, sente-se que alguma coisa mudou, o sol não parece mais imóvel, desloca-se rápido, infelizmente, não dá tempo de olhá-lo, pois já se precipita nos confins do horizonte, percebe-se que as nuvens não estão mais estagnadas nos golfos azuis do céu, fogem, amontoando-se umas sobre as outras, tamanha é sua afoiteza; compreende-se que o tempo passa e que a estrada, um dia, deverá inevitavelmente acabar."
Trecho de "O deserto dos Tártaros", de Dino Buzzati, escolhido especialmente para o blog pela minha amiga querida Marcia Regina, de Porto Alegre, Rio Grande de Sul. Muito obrigado, Marcia! Eu e o Brasil inteiro te adoramos!
Que boas dicas Marcelo!
ResponderExcluirAgradecida, estou!
Muito bonito, o trecho do livro do Dino Buzzati escolhido pela Marcia Regina. Eu ainda não tive a oportunidade de ler o "Deserto dos Tártaros"!
Elizete
Oi, Elizete! Bem-vinda!
ResponderExcluirEAssim como você eu não tive a oportunidade de ler o livro, mas confesso que já fiquei curioso em saber o teor da obra.
Para mim é um prazer tendo todos vocês, meus amigos leitores, compartilhando seus gostos aqui. No fim, todo mundo ganha, né?
Beijos!