O mestre de todos os vampiros
Esqueça Edward Cullen, Stefan Salvatore, Bill Compton ou outro qualquer vampiro bonzinho com quem você tenha tido contato no mundo literário recentemente. Visite agora uma biblioteca próxima de sua casa ou então procure em uma livraria o bom e velho Drácula, de Bram Stoker.
Publicado em 1897, Drácula recebeu uma acolhida pouco unânime entre a crítica da época, onde muitos elogiaram a obra como uma poderosa peça de fascinação lúgubre e outros a criticaram pela sua estranheza. O tema do vampiro, que parecia já estar desgastado e caindo no ridículo ou no esquecimento naquela época, tomou um impulso tão forte e firme, que até hoje em dia muitas pessoas pensam que o autor foi o primeiro a introduzi-lo na literatura.
Bram Stoker, que era irlandês, começou a escrever sua obra-prima em 1890 e, segundo o próprio, sua inspiração partiu de um pesadelo onde ele via um vampiro erguendo-se de sua tumba. Então, a partir deste seu episódio onírico, começou a pesquisar com avidez lendas da região da Transilvânia, na Romênia, e sua inspiração final surgiu particularmente relacionada a um certo nobre que viveu naquela região, no século XV, chamado Vlad Tepes, que foi responsável em impedir a invasão do povo turco na Europa e que era conhecido como “O Empalador”, pois costumava empalar (perfurar com madeira pontuda, geralmente lanças) os inimigos que eram capturados em combate. E o nome Drácula, inclusive, foi tirado do pai de Vlad, chamado Vlad Dracul (cujo último termo significa diabo ou dragão).
Possuidor da força de vinte homens reunidos, capaz de comandar os mortos, os animais e o clima, dotado do poder de tomar inúmeras formas e ficar invisível, o Drácula de Bram Stoker é um ser extremamente inteligente e ardiloso, conseguindo ludibriar com sucesso os seus desafetos por mais que estes reúnam todos os recursos da modernidade da época para combatê-lo, alguns como transfusões de sangue, a taquigrafia e até estudos avançados de Psiquiatria para entender a sua mente.
Ao contrário dos vampiros “românticos”, ele não mata por fúria, prazer ou capricho, mas movido por uma imensa avidez de poder, apoderando-se, portanto, de suas vítimas e colocando-as a seu serviço. Age também como um grande estrategista, reunindo em sua jornada macabra vastas fortunas que o ajudarão a realizar um possível plano de domínio mundial, e no livro isto, está praticamente explícito, pois o propósito inicial de Drácula é dominar uma Londres onde o british way of life está em franca decadência. E, para se ter uma idéia desta decadência, as pacatas mulheres vitorianas que são mordidas por ele e que se metamorfoseiam em vampiresas, se tornam de uma hora para outra, vorazes dominadoras que fazem uso de uma sensualidade quase primitiva para abordarem com sucesso as suas vítimas em busca de alimento.
Ainda que este livro não tenha a linguagem fácil de entender das obras de Stephenie Meyer tampouco o estilo sombrio e sensual da Anne Rice ou o mais leve de Charlaine Harris, a sua narrativa é bastante original, pois Stoker escreveu a obra como se pensasse em uma peça de teatro, desprezando assim a exclusividade de um foco narrativo em primeira ou terceira pessoa, tão comuns em vários livros, utilizando assim os relatos de vários personagens e até de instituições presentes na obra, sejam estes em formato de cartas, relatórios, telegramas e até mesmo notícias de jornais, dando originalidade à obra.
Portanto, a misteriosa vida do Conde, é principalmente narrada através dos diários e cartas escritos por Jonathan Harker (rapaz contratado pelo vampiro para representá-lo no mundo exterior), Mina Murray (que depois se torna Mina Harker ao se casar com Jonathan) e do Dr. Seward, amigo pessoal do Dr. Van Helsing (o inimigo mais interessado em destruir Drácula e seu legado), que administra uma instituição para doentes mentais em Londres.
O Dr. Seward, em particular, e tudo o que se relaciona a seu mundo de enfermos dá um toque especial à obra, na minha opinião, dotando-a ainda mais de situações e conflitos que mexem bastante com o psicológico daqueles que a lêem.
E esta, é basicamente dividida em três grandes atos: Jonathan Harker aprisionado no castelo de Drácula, a luta de amigos e parentes para salvar a vida de Lucy Western (melhor amiga de Mina) e a caçada ao vampiro, liderada pelo astucioso Dr. Van Helsing.
A narrativa poderá parecer um tanto lenta. A demora em acontecer fatos importantes e a quase ausência de seqüências de ação podem irritar um pouco o leitor. Mas se este tiver paciência e principalmente sangue frio durante a leitura, acabará usufruindo de um livro excelente onde o suspense e uma atmosfera psicológica envolvente ultrapassam as barreiras.
Dica
Aos que já leram a obra, uma dica final: procurem nas livrarias um livro chamado "Os 13 melhores contos de Vampiros" organizado por Flávio Moreira da Costa. Entre estes contos, encontra-se um capítulo inédito de Drácula, que acabou não entrando na edição original e permaneceu inédito por um bom tempo. Nele, Jonathan Harker, a caminho do Castelo do conde, é atacado por lobos assustadores bem nas proximidades de um cemitério muito sinistro.
Fonte pesquisada para a criação desta resenha: Wikipédia.
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