Leste do Rio
Vejo o Rio verde limão, azul turquesa, goiabeira, a jaca da bicicleta. Micos que descem da mata e vêm comer banana na mão, e mordem seu dedo, barulho de riacho que corre e vira pedra. Sou eu, caminhando, caminhando, que falo a vocês parados no céu: desce daí sacolé, paçoca de amendoín! Sorvete de abacate de trem vem ser feliz, ouça os bobos não, que martelam as cruzes na areia. Areia já levou as tristezas pra Yemanjá, que volta na garrafa de sidra. É, sei que é sidra pelo rótulo, mas podia ser pindorama, batida de umbu ou água do mar. Rolou e a praia virou noite. Que medo de praia. Índio de fora não tem sua Iracema ou brucutu, se for índio no fim da fila...
Barbie, baitola, isso tem no Rio? E o jacaré vem comer os bago deles? Xô caipora feia – violência. Deixa elas namorar, deixa o pastor orar e mendigo mendigar. Sua inimiga aqui é alegria! O bafo do churrasco, os bêbedos da Lapa. Carioca é a Prainha, a maconha na Maré, o Solar da Imperatriz! Hoje ela é senhora de anágua, que censura tudo que censurar. Quer Pan não, quer fumando na escada não, abaixa o som! Vai chamar a polícia! Uuuuuuuuu, pan, pan, pan, cadê o mastercard? Chama Lula, tira do mar, faz alguma coisa cabeça de camarão!!! Tu também é culpado sr. promotor, preguiçou, ganha vinte mil por mês! O camelô vinte tostão... Grafittei errado excelência: tu dormiu na arquibancada paulista trouxa! Ah, nem turista branquelo tu é, veio de busão São Geraldo, cheio de gaiola, vencer no Maracanã.
O Janeiro é tolerante, redentor, calçadão bordado, pagode com Jazz encima da laje, zona norte, zona sul, e a oeste mata. Gente que chega no tom do avião: ser feliz e nem acordar, porque sono aqui ninguém quer, só ser marimbá! Índio pescador e pescar gente bonita, forasteira, ruiva de shoppings, uma mulata de silicone! Oh negão, qual o problema? Vejo o Rio verde limão, pedalando, sambista e pouco leitor, mas um dia a gente ainda estuda e aprende a pescar manjuba! Moro no mar, no leste do Rio, pra lá dos canhões... Pelas ondas até o Costa brava posso afirmar: o Rio mesmo é a rádio Roquete Pinto! Beijo em todos.
Dr. Guto é um novo escritor que dá banana aos macacos e veneno a quem precisa de veneno... na definição do próprio.
Pacato advogado da cidade do Rio de Janeiro, pode ser encontrado através de duas formas no vasto mundo virtual: pelo twitter (twitter.com/drgutorj) e no site abaixo, onde o leitor interessado pode fazer o download de seu primeiro livro de crônicas, no formato e-book, cuja capa ilustra esse post.
Não deixe de conhecê-lo e de conhecer suas obras. É amigo e super gente boa.
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