Eu sei que a primavera já começou a alguns dias, que estou atrasado e que na região em que vivo ela não é uma estação bem definida. Aqui, ela acontece geralmente em maio, na transição da estação úmida para a quente e é chamada pelas pessoas de primavera matuta.
Mas por estes dias vi tantas pessoas exaltando a sua chegada no hemisfério sul que eu não poderia deixar de fazer uma menção a ela por aqui. Por isso, resolvi proporcionar aos meus leitores e seguidores um momento poético onde ela, a estação das flores, é a soberana.
É primavera!
Já secou o chão molhado, tão escorregadio;
Refez-se o amor que o orgulho decompusera;
Passou a noite medonha, a enxurrada, o frio;
Vejam só que maravilha: chegou a primavera!
E esse cheiro tão bom de mato verde no ar;
A manhã que acorda e em matizes exubera;
As águas, os pássaros, as cigarras a cantar;
Ah! Eu nem preciso adivinhar: é a primavera!
Enxugou-se a lágrima, agora há riso, perdão;
Nada mais me tira do sério, nem me exaspera;
Mais verdade em meus dias, mais compaixão;
Mais perfume, mais luz: bem-vinda, primavera!
Agora a esperança sobrepuja os servis temores;
Nenhum presságio de morte de mim se apodera;
Que me encham os olhos e a alma de mil amores;
Porque aqui dentro do peito também é primavera!
Poesia de Lídia Vasconcelos e foto de Fabio Pignatelli
(campo de flores nos arredores de San Giorgio Ionico, Taranto, Itália).
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