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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Resenha: A sopa de Kafka


Finas iguarias para leitores de paladares exigentes 

A sopa de Kafka é um livro inusitado e com uma proposta bem original: ser uma espécie de livro incomum de culinária, que contém receitas que foram mescladas a contos que foram batizadas com os nomes de grandes escritores da humanidade.

Mas não é apenas só isso. Cada conto escrito pelo autor remete ao estilo literário de cada um dos homenageados na obra. Tratam, basicamente, do preparo e da degustação de cada uma das iguarias selecionadas para compor o livro. E eu que adoro literatura e gastronomia adorei simplesmente enxerguei em A Sopa de Kafka a união do útil ao agradável.

O autor escolheu cuidadosamente seus ingredientes literários e marinou tudo em ironia e criatividade, adicionando generosas colheradas de humor ao apresentar elaboradas receitas como o 'Cordeiro ao Molho de Endro', onde encontramos o estilo noir de Raymond Chandler. Em 'Ovos com Estragão', o estilo mulherzinha de Jane Austen é inconfundível e em 'Sopa Rápida de Missô' (conto que remete ao título do livro), sentimos com clareza a influência de Franz Kafka.

Outros contos que merecem destaque são 'Delicioso bolo de chocolate', completamente impregnado pela porra-louquice de Irvine Welsh., 'Tiramisu', em homenagem a Marcel Proust, onde o puro saudosismo, característico do autor, dá as caras e Coq au vin', que reverencia Gabriel Garcia Márquez. Até o realismo fantástico que é a marca de suas obras está lá, na figura de um homem que vive em um vilarejo distante e desconhecido da América Latina e que nunca dorme, só durante as missas.

'Risoto de Cogumelo' homenageia John Steinbeck e 'Galeto Recheado' é puro Marquês de Sade. Também super recomendáveis. O estilo cerebral de Virginia Woolf foi registrado com maestria pelo autor em 'Clafoutis Grandmère', que é uma espécie de doce com cerejas, caso algum leigo se pergunte do que se trata. E em 'Fenkata', temos até o estilo épico do grego Homero.

Os outros contos restantes homenageiam Graham Greene, Jorge Luis Borges, Harold Pinter e Geoffrey Chaucer. Embora nunca tenha lido nada de algum deles para avaliar se os contos lhe foram fidedignos, gostei muito do que li. Aliás, gostei muito do livro inteiro e com certeza ele passará a figurar entre os meus favoritos.

Para dar o toque perfeito a esta rara iguaria, Mark Crick criou também divertidas ilustrações, parodiando assim nomes como Andy Warhol, William Hogarth, Jean Cocteau, Vincent Van Gogh e Henry Moore. Elaborados para deliciar os amantes dos livros e da culinária, os pastiches literários são um brinde aos gourmets literários internacionais. Uma leitura imperdível e uma sugestão divertida de presente para este final de ano. Adquira o seu sem receios.

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