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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Resenha: Maurice


Para mentes e espíritos sensíveis

Maurice é um romance bem peculiar na trajetória do escritor E. M. Forster. Apesar de escrito entre os anos de 1912 e 1913 de acordo com seu prefácio, foi publicado somente em 1971 conforme o desejo de seu autor, provavelmente temendo ainda em vida um pré-julgamento equivocado por parte de seus leitores. Mas por que haveria de existir preconceito da parte das pessoas em relação a Maurice?

O livro narra a história de um jovem britânico que é estudante da Universidade de Cambridge, no princípio do século XX, e o que poderia causar comoção entre o público leitor inglês seria o fato dele ser homossexual e apaixonado por Clive, seu melhor amigo na universidade.

Maurice é platonicamente correspondido por Clive e não existe, durante o romance, qualquer resquício de envolvimento físico entre os dois. É amor romântico, na mais pura essência, o que de certa forma frustra Maurice, culminando assim no término da relação, já que Clive tem medo de assumir os seus desejos de forma plena e entregar-se à volúpia dos amantes.

Romance aparentemente terminado, Maurice volta-se à administração das posses de seu pai, deixando seus estudos e tentando assim esquecer Clive e também anular seu desejo (que considera a princípio anormal) para levar uma vida dita “normal” para os padrões da época. Entretanto, não o consegue. Mesmo com Clive ficando noivo de uma mulher, entre um véu de  aparências, ele continua a interagir com ele em esporádicas visitas à sua propriedade e amá-lo secretamente.

O tempo só ajuda Maurice a adotar novas convicções a respeito de sua sexualidade. Passa a acreditar, em função de suas preferências afetivas e sexuais, que essa forma de amor que o acomete e que afeta também outros homens, não tem o efeito de torná-los malditos e nem superiores aos demais seres humanos.

Confiante de que pode fazer Clive mudar ainda de idéia, sofre então um baque repentino em seus planos: a prisão de um amigo comum deles, envolvendo atos de sodomia em locais públicos, o que apavora ainda mais Clive e o leva a casar-se e dar vazão às ambições de uma  carreira política que vem alimentando há certo tempo.

Com o fim definitivo do romance, Maurice torna-se a própria personificação do desespero. Mas o surgimento de um novo homem em sua vida, de uma classe social mais baixa que a sua, poderá fazer com que Maurice finalmente seja feliz e passe a ver sua vida sob novas óticas, onde ser livre para amar e para fazer o que bem entender se torna a sua meta.

Ao contrário das vidas trágicas de muitos homossexuais daquela época e ainda de épocas modernas, Maurice é um ótimo romance que aponta para um final feliz. E para uma felicidade perene, pois fica um tanto implícito que Maurice e seu companheiro talvez vivam, daí para frente, juntos, mais unidos do que nunca nas dores e nos prazeres e em uma relação monogâmica.


Cabe então, ao leitor, tirar as suas próprias conclusões. Foram felizes para sempre ou não?

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