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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Minha vida de leitor (IV)


Ninguém esquece do primeiro Vaga-Lume

Observando o blog nesta última semana, senti que nele faltava algo, que uma lacuna precisava ser preenchida o mais rápido possível, já que me propus a falar a respeito de livros sem quaisquer preconceitos ou limitações, a partir do momento que o criei.

Essa lacuna remete aos primeiros livros que li e as impressões que tive ao lê-los, mesmo que isso tenha acontecido há muito tempo atrás.

Aqui no Brasil, como forma de estimular a leitura entre os estudantes, é bastante comum e difundido no meio escolar a adoção das famosas leituras extraclasse, ou seja, livros que os professores recomendam ou impõem aos alunos e sobre os quais farão algum trabalho futuro, com eles relacionados, tais como uma prova, um trabalho de pesquisa ou até mesmo um seminário em sala de aula. Acredito que todos os brasileiros que tiveram a oportunidade de sentar em um banco de escola na vida já passaram por esta experiência.

Em 1972, a Editora Ática criou uma coleção de livros que tinha como função primordial atender à demanda desse mercado que começava a crescer. E essa coleção, que existe até hoje, é a velha e conhecidíssima Coleção Vaga-Lume, que felizmente, está longe de seu fim e cresce cada vez mais. Inicialmente contando com apenas algumas dezenas de livros, hoje os mesmos já formam centenas.

E como não lembrar então do primeiro Vaga-Lume?

O meu não foi fruto de nenhuma leitura extraclasse obrigatória, mas sim de um empréstimo de uma vizinha. Saturado de livros infantis e de histórias em quadrinhos, um dia, espontaneamente, resolvi ler algo diferente e esse título foi Um Cadáver Ouve Rádio, do Marcos Rey.

Não me sentiria tão desnorteado a princípio com a leitura. Acostumado com livros que sempre tinham inúmeras ilustrações, os livros da Vaga-Lume também tinham as suas, mesmo que poucas e espalhadas entre os capítulos. Bela forma de se introduzir leituras deste tipo aos leitores mais jovens e inexperientes. E sem saber, eu já começava o processo tendo em mãos um dos livros do autor mais popular de toda a coleção, justamente o Rey.

Marcos Rey (pseudônimo de Edmundo Donato) já é falecido, tanto que suas cinzas foram jogadas de helicóptero sobre a cidade que tanto amava, São Paulo, onde nasceu e que usou como cenário de várias de suas obras, inclusive a sua primeira que me propus a ler. Em vida, o autor se dedicou à várias atividades onde a escrita era sua guia. Foi tradutor, escritor, roteirista, dramaturgo. Um indivíduo bastante versátil nas letras e que faz falta aqui nesse nosso mundinho caótico.

Mas voltando ao livro, pode-se dizer que foi também o meu primeiro policial. E na época me causou tão boa impressão que, nos anos vindouros, o gênero passou a ser um dos meus favoritos. Ele narra os acontecimentos que giram em torno de um cadáver que é encontrado dentro de um prédio em construção, o corpo de bruços, com um rádio ligado. O cadáver era de um homem de que todos gostavam no Bairro do Bixiga, em São Paulo. Era o sanfoneiro chamado Alexandre, mais conhecido como ‘Boa-Vida’.

Deparando-se com essa situação inusitada e sem quaisquer pistas que o levem ao assassino ou assassinos do sanfoneiro, o delegado distrital, Doutor Arruda decide pedir então ajuda ao trio de jovens detetives conhecidos no bairro, Leo, Gino e Angela, famosos por desvendarem anteriormente o Mistério do Cinco Estrelas e também o Rapto do Garoto de Ouro, que além de casos também são títulos de outros livros do autor em que estes personagens aparecem e que também fazem parte da Coleção Vaga-Lume.

Quem teria motivos para matá-lo? Boa-Vida era casado, mas ele e a ex-mulher não moravam mais juntos. Para piorar a situação, dias depois de sua morte ela também morre, em circunstâncias misteriosas. Seria o mesmo assassino? Por que teria a matado também?

Vários suspeitos são colocados na roda do inquérito policial, como alguns vizinhos do tal prédio, vistos em circunstâncias misteriosas no dia do crime, a própria esposa do morto, antes de ser assassinada e até um sanfoneiro rival do Boa-Vida, por causa da acirrada concorrência entre ambos.

Mas o que parecia complicado se complica mais ainda quando a arma do crime é finalmente encontrada: um estranho sabre de procedência chinesa.

Ficou curioso para saber o desfecho? Procure pelo livro e faça como eu, leia-o sem compromisso. Não sei se terá a mesma magia e mistério que teve para mim em tempos de outrora, mas acredito que saciará sua curiosidade em saber quem é o criminoso da história.

E breve, por aqui, mais títulos da Vaga-Lume que li, aparecerão. Portanto, até a próxima!

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