That's all, Andrea
Adaptações cinematográficas hollywoodianas para determinados best-sellers de sucesso nem sempre são 100% fidedignas e, sinceramente, nem precisam ser. A linguagem cinematográfica, mais ágil e dinâmica que a literária, requer mudanças necessárias às tramas, sejam elas as mais sutis ou as mais drásticas. Mas que ajudem a contribuir para um melhor desenrolar da história.
Em relação a O diabo veste Prada, isso aconteceu e confesso que achei ótimo. Tive o prazer de conhecer o livro antes de ver o filme e, terminada a sessão de cinema, pensei: quanta diferença! E confesso que ainda não cheguei, até hoje, a um consenso sobre qual é o melhor, se o livro ou o filme, mas a película está quase lá, ganhando o páreo. Teve o mérito de trazer uma maravilhosa Meryl Streep na pele da megera (bem mais humanizada) Miranda Priestly, quase que totalmente oposta à da obra original e de dar novos desdobramentos à história que a tornaram mais dinâmica sem perder o foco.
O livro foi escrito por Lauren Weisberger. Em seu currículo profissional, está o trabalho como assistente da poderosa editora da revista Vogue, Anna Wintour, que segundo as más línguas, inspirou Miranda. Assim, qualquer semelhança da obra com a realidade não é mera coincidência. Mas, voltando à obra, nela conhecemos Andrea Sachs, uma jovem recém-formada que conquista um emprego bastante cobiçado que representa o sonho de milhares de garotas que amam o mundo da moda: o de assistente de Miranda Priestly, reverenciada editora da Runway Magazine, a mais bem-sucedida revista de moda do mundo. Porém, logo ela percebe que a empreitada não será nem um pouco fácil, por conta do gênio irascível e das muitas manhas da glamorosa, mas tenebrosa Sra. Priestly, que jamais aceita um não como resposta e quer tudo a seu jeito, sem medir as conseqüências de seus atos, muitas vezes, arbitrários. Daí em diante, o inevitável começa a acontecer. Embora comece a figurar como uma profissional em franca ascendência no trabalho, pois trabalha feito uma louca para satisfazer sua chefa, a vida pessoal de Andrea começa a decair drasticamente, obrigando-a por de lado então o seu namorado (que no livro é professor de crianças problemáticas de uma escola pública), a sua melhor amiga Lily (com sérios problemas de alcoolismo e promiscuidade sexual) e sua própria família, perdendo até, nesse momento de sua vida, o nascimento de seu pequeno sobrinho.
O livro é um pouco cansativo, com detalhadas descrições sobre marcas, produtos, procedimentos e situações que remetem ao mundo da moda, chegando a ser um pouco rasteiro e tedioso em algumas passagens. Mas vale a pena ser conhecido na íntegra. Embora soe como futilidade aos ouvidos de algumas pessoas, o mundo da moda oferece um leque de possibilidades e curiosidades que com certeza encantarão até as pessoas mais leigas no assunto.
O diabo veste Prada, portanto, é uma leitura agradável, especialmente quando encarado como uma obra catártica, a respeito de crescimento profissional e de chefes implacáveis, pessoas muitas vezes sem um pingo de sensibilidade que adoram escravizar as almas alheias sem o menor escrúpulo. E sobre o quanto são felizes aqueles que superam estes chefes e têm um final relativamente feliz.
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