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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Resenha: Enquanto a Inglaterra dorme


Amor entre iguais

David Leavitt é um profícuo escritor de origem norte-americana formado em literatura pela conceituada Universidade de Yale. Também docente na disciplina escrita criativa na Universidade da Florida, é autor de vários contos e livros onde a temática homossexual é bastante recorrente. Porém não sei dizer se a mesma faz parte de sua vida pessoal e de seu círculo íntimo, o que, convenhamos, não nos interessa.

Com este livro não poderia ser diferente. A história se passa na Europa da década de 30, quando o fascismo começa a tomar forma em terras inglesas. É neste contexto histórico que o narrador e principal personagem do livro, Brian Bosford, um escritor jovem e promissor pertencente à aristocracia britânica, relata como iniciou um romance tumultuado com Edward Phelan, um funcionário do metrô de Londres, de classe social mais baixa que a sua.

Edward é sensível, idealista e comunista. E, contra todas as convenções da época, resolve viver com Brian sob o mesmo teto. Viveriam felizes para sempre em perfeita comunhão de almas e corpos se Edward não descobrisse que seu complicado e indeciso amante também mantinha um relacionamento com uma mulher, munido da velha desculpa de que sua homossexualidade talvez pudesse ser um fenômeno temporário, cogitando ainda um possível casamento no futuro com a moça em questão.

Desiludido com Brian, Edward alista-se voluntariamente no exército inglês para lutar contra as forças de Franco na Espanha. Porém, movido pela culpa e mesmo não sabendo lidar muito bem com sua própria sexualidade, Brian sai em busca do amante para resgatá-lo, em meio ao caos e à violência da guerra.

Bastante elogiado pela crítica, especialmente o Publishers Weekly,  o romance evolui de uma sutil crônica de costumes sobre o cotidiano de jovens intelectuais ingleses (no melhor estilo dândi), para um sangrento painel sobre um dos períodos mais conturbados da história européia. Eu particularmente achei um pouco meloso em algumas partes, mas no geral trata-se de um livro sutil e maravilhosamente escrito. Talvez o melhor de todos do autor que eu já li. Em alguns momentos, especialmente nos que se referem aos conflitos de classes sociais entre os personagens, a história lembra um pouco a de Maurice, de E. M. Forster, já resenhado aqui no blog. Confira aqui.

Se você não tem preconceitos contra histórias de amor que fujam do convencional, Enquanto a Inglaterra dorme é uma boa pedida. Apesar de não muito denso, acredito que você vibrará com seu enredo, assim como eu o fiz, esperando que o destino de seus personagens se cumprisse de maneira satisfatória e feliz.

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