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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Resenha: Livros de Sangue 1



Sangue, horror, escatologia e sexo


Já leu ou ouviu falar a respeito de Clive Barker? Se sua resposta for negativa, você precisa conhecê-lo imediatamente.


Nos anos 80, este escritor e cineasta inglês ganhou notoriedade por criar um estilo próprio de terror. Além da farta quantidade de sangue e cadáveres, ele empregava em suas histórias ingredientes como o sadomasoquismo e a escatologia. Exemplo disso é seu trabalho mais bem-sucedido como diretor de cinema, Hellraiser (1987), que acrescentou à galeria do horror classe B uma criatura que tinha o rosto crivado de pregos – o demoníaco Pinhead.

Hoje, no Pérolas da Compulsão conheceremos o primeiro volume de uma série de livros de contos bem-sucedida de Clive, os chamados Livros de Sangue. No total de seis volumes, estas obras possuem contos que incomodam, que são desconfortáveis e que enjoam o estômago do leitor antes mesmo de os amedrontarem. Fora Poe, Lovecraft e King (que muito elogia Barker), poucos autores do gênero "terror" conseguiram ter esse efeito duradouro ao longo dos últimos anos, pois as histórias destes livros permanecem em nossa mente durante muito tempo após terem sido lidos, pois Barker nos surpreende com novas nuances de maldades e terrores inéditos e inimagináveis, pois parece entender bem o medo e o mistério. O sexo também é bastante freqüente em suas obras, podendo deixar alguns leitores mais puritanos desconfortáveis.

Este primeiro volume de Livros de Sangue conta com seis contos. O primeiro dele, “O Livro de Sangue”, que se passa em uma casa com fama de assombrada, é curto e basicamente explica o título das obras. Funciona como uma espécie de introdução ao que está por vir.

"O Trem de Carne da Meia-Noite", o segundo conto, é o maior e um dos melhores da obra. Trata-se da história de um homenzinho comum, com uma rotina monótona e sem graça, que vê sua vida virar de cabeça para baixo no dia em que encontra em seu caminho um assassino em série que ataca suas vítimas no metrô e que possui um propósito macabro para justificar estes crimes. 

“O Yattering e Jack”, o terceiro conto, é particularmente o meu favorito do livro. Com doses generosas de humor negro, narra as desventuras de um sujeito às voltas com um pequeno demônio entocado dentro de sua própria casa, que insiste em perturbar a sua vida a fim de roubar-lhe a alma, porém, sem sucesso. Em meio a inúmeras sabotagens e destruições do imóvel, resistências de ambos os lados, fingimentos e teimosias, uma verdadeira batalha sem precedentes entre bem e o mal é vista neste conto. Que lado vencerá?

O quarto conto, “Blues do Sangue de Porco” se passa em um reformatório de rapazes infratores que recebe um novo professor de marcenaria, com tendências suspeitas. O que o professor não contava era que, por trás da fachada de instituição séria, forças terríveis estavam à sua espreita, especificamente na fazendinha de animais anexa ao local.

O quinto conto, “Sexo, morte e luz das estrelas”, é um dos mais profundos do livro. Recheado de divagações filosóficas e demais questionamentos, ele conduz o leitor a um clímax que o faz pensar a respeito de seu próprio destino, talvez em um futuro próximo e sobre este eu não entrarei em mais detalhes, para não estragar a surpresa.

Um casal de gays em crise de relacionamento e viajando pela Europa Oriental passa por sérios apuros em “Nas colinas, as cidades”, o conto que fecha o livro. De longe o mais surreal e fictício de todos. E na minha opinião um pouquinho complicado de se entender.

Livros de Sangue 1 não chega a ser excelente, mas 80% do seu teor é muito bom. A maior prova disto é que este primeiro volume é praticamente raro nas livrarias hoje em dia, mas podem ser encontrados ainda com certa facilidade em sebos. E se você ficou curioso, corra logo e adquira o seu, pois vale a pena conhecer as coisas que Barker escreve.

Até a próxima! 

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