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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Pérolas da Compulsão está de volta! Resenha de hoje: Ero-Guro: O erótico -grotesco de Suehiro Maruo


Depois de um período conturbado e atribulado de minha vida, ainda 100% não solucionado, retorno às atividades do Pérolas da Compulsão. E uma das minhas mais felizes constatações é que, mesmo em pausa, o blog recebeu um número considerável de visitas. Agradeço a todos pelo carinho, pela atenção e pelo prestígio que legam à minha pessoa e aos textos que aqui escrevo. Sejam bem-vindos sempre a este recanto.

Em nosso feliz retorno, hoje iremos trilhar pelo caminho dos mangás, os famosos quadrinhos de origem japonesa. E o primeiro deles que escolhi para resenhar aqui foi o último que li.  Trata-se de Ero-Guro: O erótico -grotesco de Suehiro Maruo.


Nele,  o leitor encontrará nove histórias diferentes - diferentes do que está acostumado a relacionar com erotismo e diferentes modos de imaginar o grotesco. Sangue e sujeira se misturam às perversões em desenhos delicados, quase pinturas, que surpreendem pelo conteúdo escatológico e pela beleza do traço.

Com influências de Marquês de Sade, a imaginação de Suehiro Maruo está além de todas as categorias dos livros de erotismo. Nas páginas de Ero-Guro está um repertório que inclui sodomia, coprofilia, onanismo, canibalismo, pedofilia, zoofilia, voyeurismo, flagelação; enfim, tudo o que possa imaginar.

Não faltam recados para o leitor menos ingênuo: “Uma Temporada no Inferno” visa a obra homônima de Rimbaud, assim como “O Grande Masturbador”, remete ao mesmo título de Salvador Dalí. O corvo, espectador do que se passa, pode ser o do poema de Edgar Allan Poe, famoso a comentar que o tempo é irreversível e a perda é definitiva. Há também uma profusão de sugestões remetendo a Georges Bataille, o pensador da transgressão, do erotismo, que se empenhou em mostrar que os extremos se tocam, que o gozo e o prazer, o horror e o erótico são a mesma coisa.

Suehiro Maruo é o mais importante representante do mangá underground japonês. É hoje um dos mais consagrados artistas daquele país. Seus livros são publicados em edições de luxo, e seus originais custam pequenas fortunas. Estreou no mundo dos quadrinhos como desenhista de HQs pornôs e, em 1982, publicou pela primeira vez na revista Garo. A partir daí, a crítica aclamou seu trabalho, e Suehiro passou a ser cultuado por um público mais amplo. Seu nome é conhecido no Oriente e Ocidente, é comparado aos de artistas como Luis Buñuel, Bataille e William Blake e seu talento ultrapassa o mundo dos quadrinhos.

No Brasil, a Editora Conrad editou mais duas obras de Maruo a quem possa interessar. São elas O Vampiro que Ri e Paraíso – O Sorriso do Vampiro, cujas edições encontram-se esgotadas, sendo necessária  então uma busca em sebos e demais lojas especializadas em usados.

Porém, fica o alerta: Suehiro Maruo não é para fracos e nem para pessoas sensíveis. Se tiver curiosidade em lê-lo, você terá arte em meio a muitos episódios desagradáveis.

2 comentários:

  1. Estou pensando, se quero conhecer ou não, Marcelo!Hehehehe!

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  2. Tens estômago forte e sangue frio? Vá em frente.
    Eu particularmente não curti muito os capítulos que envolviam mutilações e escatologias com fezes.

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