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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Resenha: Fogo nas entranhas


 ¡Caliente!


Fogo nas entranhas é um dos dois livros deliciosos, bem-humorados e escrachados de Pedro Almodóvar que saíram aqui no Brasil sem o menor resquício de alarde entre o público leitor. O outro é Patty Diphusa, que leio atualmente e que em breve resenharei por aqui também.

Confesso que fiquei empolgado com esses livros, quando, de alguns anos para cá, tomei conhecimento de suas existências. Almodóvar de longe é o meu cineasta estrangeiro favorito e quem não conhece as suas obras, faça o favor de conhecer. Embora ele não seja santo, é um sacrilégio total desprezar o que ele tem feito ao longo dos anos em matéria de filmes. Valem a pena conferir.

Este livro, em particular já começa bem, com uma introdução escrita pela atriz Regina Casé chamada “Calor na bacurinha” que chega até ser interessante. Um aperitivo para o que está por vir nas próximas páginas.

O livro, com nuances eróticas, narra a insólita história de um grupo de mulheres que possuem em comum a ligação com Chu Ming Ho, um chinês que chegou a terras espanholas na década de 50 e se estabeleceu na capital, Madri, como um proeminente empresário no ramo de absorventes íntimos femininos.

Porém, a sorte que acompanha Ming nos negócios não se estende à parte amorosa. Das cinco amantes que mantém em sua estadia no país, todas o abandonam por motivos inexplicados, provavelmente entediadas com ele. Sentindo-se desprezado e movido por uma misoginia cada vez mais crescente, resolve bolar então uma vingança bem arquitetada contra todas as mulheres da cidade, que como o título do livro sugere, ficarão com um fogo avassalador em suas entranhas.

A narrativa, em pequenos capítulos, mistura sexo, feminismo, espionagem e assassinatos com um toque de nonsense. Com maestria e genialidade, Almodóvar reproduz um pouco do cotidiano de Madri entre as décadas de 60 e 80. Ao ler este livro, é impossível deixar de rir em algumas de suas passagens, tamanha o surrealismo de alguns de seus acontecimentos, com destaque a Isidra, empregada doméstica septuagenária que é tia-avó de uma das cinco mulheres de Ming. Uma figura!

Fogo nas entranhas é isto: uma leitura descontraída e de boa qualidade que fica difícil de largar depois que se começa a ler. Seu único pecado talvez seja a falta de mais diálogos, que de certa forma tornam sua leitura breve e mais ágil.

Espero, um dia, que Almodóvar reveja o potencial desta sua pequena obra de arte literária e a adapte com êxitopara o cinema, corrigindo então esta falha e nos premiando com diálogos mais ricos e interpretações majestosas que só os seus filmes possuem.

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