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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Resenha: Animaq - Almanaque dos Desenhos Animados




Longe de ser excelente ainda

Impossível fazer uma separação entre os desenhos animados e nossas vidas se um dia fomos crianças e tínhamos, direta ou indiretamente, uma TV ao nosso alcance.

Verdadeiras babás eletrônicas e uma fonte de alívio para nossas mães, que nos viam entretidos em frente ao encantador e hipnotizante tubo de imagens (colorido ou não) as mesmas despejavam em nossas vidas uma verdadeira torrente de programas que hoje em dia fazem parte de nosso imaginário popular, em especial os desenhos animados.

Seguindo a onda dos almanaques temáticos que começaram a proliferar há alguns anos atrás, visando principalmente o espírito nostálgico de leitores, o Animaq - Almanaque dos Desenhos Animados - é o mais recente item desta safra e com certeza um dos que foram mais esperados pelo público leitor, depois de conhecer títulos como o Almanaque dos Anos 70, 80, 90, das Histórias em Quadrinhos, das Novelas, das Séries de TV... Provavelmente muitos (como eu) se perguntavam quando sairia algo do gênero dedicado especialmente aos cartoons.

E o jornalista Paulo Gustavo Pereira, que antes já havia lançado o Almanaque dos Seriados de TV, resolveu preencher este vazio lançando, segundo a concepção do próprio, um panorama completo de todos os desenhos animados exibidos no Brasil desde que a televisão iniciou suas atividades aqui, nos longínquos anos 50. 

Ele, inclusive, vai mais além, retrocedendo a investigação sobre as produções pesquisadas até os anos 30, onde os grandes sucessos da animação começaram a tomar suas formas iniciais, em outros países, onde foram produzidos, como por exemplo a serelepe Betty Boop, que praticamente só veio fazer sucesso em terras brasileiras quase cinqüenta anos depois. E  por conta disso, cada capítulo do livro acaba seguindo uma ordem cronológica rigorosa, divididos em décadas e respeitando, conseqüentemente, o ano de produção do desenho, já que o livro provavelmente se tornaria um verdadeiro ‘samba de crioulo louco’ se o autor organizasse os cartoons de acordo com seus anos de exibição no Brasil, pois muitos deles, lançados nos anos 70, só chegaram ao nosso país nos anos 90, por exemplo.

Ter dado vida a um livro como esta foi um feito louvável do autor, porém ela não escapou a uma crítica mais aguçada de minha parte. Seus textos são por demais resumidos, técnicos e não passam a emoção necessária à obra, que por essência, deveria ter um cunho saudosista ao leitor.

Talvez nem todos os desenhos tenham sido vistos pelo autor e é aí que reside a falha do livro. Uma obra desta amplitude deveria ter múltiplos autores que trouxessem à mesma diversos pontos de vistas diferentes e demais sentimentos nostálgicos associados, se sua intenção era realmente se tornar algo único no mercado editorial.

O almanaque também dá umas derrapadas no quesito visual (poucas cores) e principalmente no de informações, omitindo algumas delas ou simplesmente deixando de fora alguns desenhos. Os leitores desta nova geração jamais saberão um dia que, depois de tapear a cobrinha azul, o besouro japonês costumava cantar uma canção para irritá-la ainda mais, que a principal rival da cegonha da perna fina era uma estranha e rara libélula que cospia fogo e que o inexpressivo desenho ‘Daria’, exibido na MTV nos anos 90 era um spin-off do consagrado e politicamente incorreto ‘Beavis and Butt-Head’. 

E por que desenhos como Tenchi Muyo! e Corrector Yue, de origem japonesa e que passaram recentemente em canais abertos e fechados na TV não entraram no livro? Falha gravíssima para um livro que tinha como função ser o panorama completo dos desenhos exibidos no Brasil.

Portanto, adquirir ou não o livro fica a critério do leitor. Eu aconselharia a fazê-lo em edições futuras, onde talvez seu autor faça as reparações necessárias, tornando assim o livro menos técnico, enfadonho, mais colorido e mais humanizado com aquele sabor especial de nostalgia que ainda falta em suas páginas. Justificando o título da resenha, este Animaq ainda está muito longe de ser a obra definitiva e excelente que tanto almejamos.

Mas se você for do tipo ansioso que nem eu e quiser averiguar as falhas e lacunas com os próprios olhos, fique à vontade para fazê-lo. Afinal, o mesmo não é um investimento de risco completo. Numa tarde calma no aconchego de seu lar, alheio ao mundo em um recanto tranqüilo, você pode se permitir ser arrebatado por belas lembranças de sua infância lendo o conteúdo da obra. 

E se resolver lê-la mesmo, corra o risco da aventura como em um bom desenho de ação. Invoque os poderes de Greyskull, use a visão além do alcance, diga "É hora do show, energia", grite "Iabadabaduuu" e seja muito feliz em sua leitura. Ou melhor: viagem de volta no tempo.

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