Curiosidades sobre algumas expressões da Língua Portuguesa
Diariamente utilizamos expressões com significados diferentes daquilo que elas representam literalmente, mas raramente nos preocupamos em ir atrás da sua origem ou — até mesmo — da sua forma correta.
Abaixo, a professora Célia Ferreira de Sousa Nascimento cita 13 expressões que todo mundo erra, ou que todo mundo usa mas que nem todo mundo sabe direito o significado ou seu correto emprego:
1. | Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão: o correto é batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão.. |
2. | Enfiou o pé na jaca: o correto é enfiou o pé no jacá. Antigamente, os tropeiros paravam nas vendinhas, a meio caminho, para tomar uma bebida. Quando bebiam demais, era comum colocarem o pé direito no estribo e, quando jogavam a perna esquerda para montar no burro, erravam, pisavam no jacá (o cesto em que as mercadorias eram carregadas) e levavam um grande tombo. Por isso, quando alguém bebia demais dizia-se que ele enfiaria o pé no jacá. A jaca, fruta, não tem nada com isso. |
3. | Cor de burro quando foge: o correto é corro de burro quando foge! |
4. | Quem tem boca vai a Roma: pois é, eu também fiquei surpresa ao saber que o correto não tem nada a ver com a capacidade de pela comunicação ir a qualquer parte do mundo, e sim uma forma de exortação à crítica política; o correto é quem tem boca vaia Roma. |
5. | É a cara do pai escarrado e cuspido: essa é forma escatológica de dizer que o filho é muito parecido com o pai; o correto é a cara do pai em Carrara esculpido (Carrara é uma cidade italiana de onde se extrai o mais nobre e caro tipo de mármore, que leva o mesmo nome da cidade). |
6. | Quem não tem cão, caça com gato: o correto é quem não tem cão, caça como gato. Ou seja, sozinho! |
7. | Voto de Minerva: Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado pelo assassinato da mãe. No julgamento, houve empate entre os jurados. Coube à Minerva, personagem da mitologia grega, o voto decisivo, que foi em favor do réu. Voto de Minerva é, portanto, o voto decisivo. |
8. | Casa da mãe Joana: na época do Brasil Império, mais especificamente durante a menoridade do Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar numa casa, cuja proprietária se chamava Joana. Como esses homens mandavam e desmandavam no país, a frase casa da mãe Joana ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda. |
9. | Ficar a ver navios: Dom Sebastião, rei de Portugal, havia morrido na batalha de Alcácer-Quibir, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca. Era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltou, o povo ficava a ver navios. |
10. | Não entender patavinas: os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova; sendo assim, não entender patavina significava não entender nada. |
11. | Dourar a pílula: antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar o aspecto do remedinho amargo. A expressão dourar a pílula, significa melhorar a aparência de algo. |
12. | Sem eira nem beira: os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter eira nem beira significa que a pessoa é pobre, está sem grana. |
13. | O canto do cisne: dizia-se que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A expressão “canto do cisne” representa as últimas realizações de alguém. A autora do texto é docente do Colégio Sedes Sapientia (SP) e graduada em Letras, com Habilitação em Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Promove cursos a respeito de Gêneros Textuais, Lingüística Atual, Projetos de Comunicação, Oficina de Redação preparatória para vestibulares e Variações Lingüísticas. Participa assiduamente de Congressos de Educadores Cristãos promovidos pela ACSI e desenvolve ainda Projetos de Lingüística e de Redação, com o intuito de aperfeiçoar a leitura e escrita de alunos porventura interessados. |
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