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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Resenha: O bom Jesus e o infame Cristo


O "salvador" e  a sombra que o acompanha


Phillip Pullman, um ateu confesso, é famoso no mundo inteiro por sua trilogia "Fronteiras do Universo", onde, por meio de uma espécie de fábula inserida no mundo real, questiona a religião cristã e suscita dúvidas sobre a onipresença, a onipotência e a onisciência de Deus.


Com este livro, não poderia ser diferente. Despreocupado com a repercussão negativa de seus livros entre fundamentalistas religiosos, desta vez ele resolve extrapolar um pouco e eleger, como alvo de suas críticas, o filho do "Homem" - Jesus Cristo. Ou melhor dizendo, os filhos do homem, os irmãos gêmeos Jesus e Cristo.


Hã? Como?


Isto mesmo, não estranhe. Nesta história de Philip, Maria dá à luz dois gêmeos – Jesus e Cristo. Um, descrito como “forte e saudável”, e o outro, como “pequeno, fraco e de aspecto doentio”.


As distinções entre os dois irmãos vão ficando mais evidentes no decorrer da história. Jesus é extrovertido, travesso e querido pelas outras crianças e Cristo, um menino reservado e meio misantropo que captura para si a preferência e a proteção da mãe.


Já adultos (já que pouco se conhece sobre a real juventude do filho de Deus) e após uma peregrinação no deserto, observamos Jesus iniciar suas pregações ao público, enquanto Cristo, sempre à sombra do irmão, dispõe-se a observar seus discursos e fazer anotações sobre tudo o que ele faz. E é a partir disto que o autor arquiteta a finalidade principal do livro: mostrar ao leitor a inconsistência da Bíblia e dos relatos nela contidos, especialmente os do Novo Testamento, que narram a vida do 'Messias'. Na história, observamos Cristo passar a ser orientado por um misterioso desconhecido para aumentar, manipular e até a inventar fatos grandiosos relacionados ao seu irmão, tornando-o assim cada vez mais popular.


O bom Jesus e o infame Cristo é um livro bem escrito, simples e de fácil leitura. Inspira reflexões sobre diversos mitos que se criaram em torno do cristianismo e apresenta uma versão diferente e plausível da vida terrena do filho de Deus, tornando-o justamente o que provavelmente sempre foi: um ser humano normal, com suas qualidades e seus defeitos.


Em uma época em que se acentua o conflito entre ateus e religiosos, entre os que acreditam ou não em Jesus Cristo, temos uma oportunidade preciosa para parar, ler e refletir sobre o tema.


O livro, portanto, é um meio de dar calor a um debate ou pode ser encarado como uma via que pode levar seus leitores a um caminho de luz, especialmente aqueles que ainda questionam sua religião (se for a cristã), sua fé ou até mesmo os seus propósitos neste mundo.

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